Traficantes do Jóquei e Rio do Ouro, em São Gonçalo, estão sendo investigados por sessões de tortura. As vítimas seriam membros de facções rivais e até delatores. As cenas de violência são filmadas e os vídeos, disseminados na internet. A Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República quer ter acesso às informações da polícia sobre uma gravação na qual uma jovem é cruelmente espancada.
Ontem, um menor foi apreendido pelo 7º BPM (São Gonçalo), no Morro da Dita, e reconhecido como agressor de um rapaz vítima de uma das torturas filmadas. Semana passada, dois envolvidos na surra aplicada à mulher do outro vídeo, na Favela da Linha, já haviam sido presos.
— Além do menor, outros três traficantes foram presos hoje (ontem). Estamos fazendo operações no Dita desde quinta, quando um policial foi baleado. Eles foram presos por tráfico, mas com o vídeo devem pagar pela tortura também — afirmou o coronel Fernando Salema, comandante do 7º BPM.
No vídeo em que o rapaz é espancado, divulgado ontem por Salema, o menor, de 17 anos, usa um pedaço de madeira na surra e tem uma pistola na cintura. Outro bandido, não identificado, aparece na imagem e participa do espancamento. Para a Polícia Civil, a vítima pode ser um traficante rival.
— Ele diz no vídeo que não pertence a um bando rival e até sugere que devem se unir contra os outros, chamados por ele de alemães — diz a delegada Mônica Areal, adjunta da 74ª DP (Alcântara).
No outro vídeo, também investigado pela 74ª DP, um outro menor, já apreendido por tráfico, aparece raspando a cabeça da mulher. Em seguida, ela é surrada por um homem com um pedaço de madeira. O vídeo foi postado no Facebook, no último fim de semana, e já teve mais de 1,2 milhão visualizações. Na delegacia, o menor disse que a garota “fez fofoca’’ num presídio sobre um comparsa dele, por isso apanhou.
A secretária de Enfrentamento à Violência da Secretaria de Políticas para Mulheres, Aparecida Gonçalves, disse que pedirá mais informações sobre esse caso, para ajudar nas investigações.
No Morro Faz Quem Quer, tortura resultou em morte
Em setembro, Rayssa Christine Machado de Carvalho Sarpi, de 18 anos, morreu após ser torturada por traficantes no Morro Faz Quem Quer, em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio. Na época, os bandidos também fizeram um vídeo, de cerca de três minutos, raspando o cabelo da jovem. Rayssa foi liberada com vida, mas acabou morrendo seis dias depois de ter alta do Hospital estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes.
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